domingo, 22 de janeiro de 2012

Grupos de teatro se preparam para o “Festmar de Verão”


LITORAL LESTE

Clique para Ampliar
DIVULGAÇÃO
A comicidade é um dos elementos usados pelos atores para atrair o público
Clique para Ampliar
O evento também é visto como uma possibilidade de reunir admiradores de apresentações teatrais vindos de vários Estados do País
Clique para Ampliar
DIVULGAÇÃO
A Paixão de Cristo é um dos principais espetáculos encenados pelo grupo Frente Jovem, através do qual cerca de 100 crianças e jovens têm a oportunidade de desenvolver o potencial artístico e participar de oficinas de inclusão
De 27 a 29 de janeiro, as ruas de Aracati serão "invadidas" pelas apresentações teatrais que integram o evento

Aracati O teatro voltará a tomar as ruas históricas deste Município. Enquanto as vidas vão e vem na movimentada cidade litorânea, causos, lendas e graças chamarão a atenção dos passantes. São atores, cearenses e de outros Estados, numa das atividades dramáticas mais antigas: o teatro de rua. No próximo fim de semana, acontecerá a segunda etapa do Festival Nacional de Teatro de Rua, o "Festmar de Verão", do qual cinco Estados participam. Grupos de jovens do Interior do Estado mantêm um trabalho que, mesmo sendo pouco valorizado pelas políticas públicas culturais, é uma das principais ferramentas de leitura, conhecimento e arte.

Oito grupos de teatro dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará farão espetáculos ao ar livre pelas ruas do centro histórico de Aracati. É a segunda etapa do Festival Nacional de Teatro de Rua, que acontece no mês de julho, também neste Município do litoral Leste. "A gente faz porque gosta, porque vê a importância do movimento teatral para os jovens e para a cultura cearense", afirma Luís Teobaldo Silva, coordenador local do "Festmar" e do Grupo Teatral Frente Jovem, de Aracati.

O fazer teatral no Ceará é assim: o ator é produtor e vendedor do produto. Ou seja, para que a peça aconteça, o "faz-tudo" tem que correr atrás de patrocínio e apoio cultural para os gastos com roupa, maquiagem e cenário. Salário? Não existe.

Patrocínio

Se houvesse patrocínio para que os atores chegassem a tal ponto - receber um salário -, certamente muitos grupos não deixariam de existir, já que vários atores se vêem obrigados a ocupar inteiramente o tempo com atividades remuneradas e abandonar o fazer teatral. Mas Teobaldo e sua trupe são, digamos, resistentes. Tanto que criaram o Movimento de Agitação e Resistência da Cultura Popular.

O Festival Nacional de Teatro de Rua, realizado sempre no meio do ano, é o principal evento de que participam esses atores. O Festmar de Verão, de 27 a 29 de janeiro, que atua como a segunda etapa do nacional, será também a oportunidade de reunir os amantes do teatro de outros lugares do País. "Vamos compartilhar as dificuldades e oportunidades", diz Teobaldo.

Participarão do próximo fim de semana do Festmar os grupos Teatral Frente Jovem, Gênesis e Fassonhos (de Aracati), Pantim de Teatro (Boa Viagem), Aslucianas (Rio de Janeiro), Arte Viva (Rio Grande do Norte), Circo Além da Lona (São Paulo) e Centro de Criação Galpão das Artes (Pernambuco). Após esta etapa, haverá a oitava edição do festival nacional, que, no ano passado, homenageou, com menções honrosas, o poeta, ator, dramaturgo e escritor Mário Lago (1911-2002), e a costureira e figurinistas Francisca Alves da Silva, a dona "Formiguinha", já falecida, de Aracati.

Expansão

O Festival Nacional de Teatro de Rua em Aracati surgiu em 1999, idealizado pelo professor Tinoco Luna e tendo por iniciativa o Grupo Teatral Frente Jovem. O evento começou apenas com grupos de Aracati, passando depois a receber outros Municípios. Agora, recebe sete Estados brasileiros, do Nordeste ao Sul.

Além do próprio Tinoco, o evento é organizado por Teobaldo Silva, na coordenação executiva, e Xico Izzidorum na Programação e Mídia, tendo ainda Plínio Teixeira, Zé Borracheiro, Marcos Cristo e Marcelo Pedreira no apoio operacional.

Anfitrião do Festmar, o Grupo Teatral Frente Jovem, que em 2012 completa 27 anos, apresentará "Dengo em Verso e Prosa", um texto de Messias Domingos. Trata-se de uma comédia educativa sobre a dengue. As formas de prevenção são compreendidas por meio de situações engraçadas. O festival acontecerá em frente à igreja matriz de Aracati e em Canoa Quebrada. Realizam o evento o Instituto Aracupira de Cultura Brasileira (IACB), o Ponto de Cultura do Grupo Teatral Frente Jovem, com o patrocínio da Secult.

Mais informações

Teobaldo Silva
Coordenador Local do "Festmar de Verão" e do Grupo Frente Jovem
Telefone: (88)9964.8648

Atores lutam para conquistar apoio

Aracati É participando de editais de incentivo às artes que os grupos de teatro conseguem realizar produções cênicas e manter projetos. E ser um Ponto de Cultura, patrocinado durante três anos pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult), é o grito de sobrevivência do Grupo Teatral Frente Jovem, conhecido pelo festival de rua e pela encenação da Paixão de Cristo de Aracati. Além do fazer teatral, cerca de 100 crianças e jovens do grupo são beneficiados com oficinas de inclusão digital.

A conquista mais recente é a instalação de um centro digital por meio, do programa Telecentros.BR, do Governo Federal. Assim, os estudantes de teatro poderão usar a internet e as tecnologias digitais para conhecer trabalhos da dramaturgia, bem como divulgar, em blogs, espetáculos desenvolvidos durante o ano.

Por meio de edital da Secult, o ponto de cultura recebe R$ 180 mil parcelados em três anos - R$ 60 mil ao ano. Segundo Luis Teobaldo Silva, coordenador do grupo, o recurso é utilizado para pagar oficineiros e comprar equipamentos multimídia para serem usados nas aulas. "Cada ponto de cultura tem um cronograma, e, com base nos meses em que temos mais atividades, direcionamos os recursos", afirma.

A cena teatral no Interior é feita basicamente de grupos resistentes, que, apesar das adversidades - dentre as principais está a falta de apoio nas próprias cidades onde atuam -, insistem em estudar e apresentar espetáculos. Em muitos casos, todavia, a luta gerou o sucesso, como ocorreu à Ong Oficarte, de Russas, que tem conseguido recursos para suas produções por meio de editais de incentivo.

"Considero o movimento teatral do Vale do Jaguaribe uma das ações mais articuladas da cultura na nossa região, pois, mesmo com pouco apoio, continuam produzindo", afirma Renato Remígio, produtor cultural e secretário da Cultura em Limoeiro do Norte. Ele aponta que os movimentos teatrais eram muito fortalecidos pelo Sistema de Teatro do Ceará, da Secult. "Infelizmente, ficou paralisado e desarticulado nos últimos anos, mas os grupos tomaram iniciativas próprias e construíram projetos para a própria manutenção".

Em março, no Centro Cultural Márcio Mendonça, em Limoeiro, haverá a realização do Festival de Teatro do Vale do Jaguaribe, reunindo cerca de 10 grupos da região e convidados. O projeto contempla uma semana de espetáculos e oficinas de formação teatral. (MJ)

MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER

Nenhum comentário: